terça-feira, 28 de julho de 2009

Na trilha da excelência


Na trilha da excelência


Palavras Chave: Vera Giagrande e Relações Públicas

Em 1931 na cidade de Perdizes São Paulo, nasceu Vera Giagrande, profissional de Relações Públicas e uma das protagonistas principais para a consolidação e valorização da profissão no Brasil e no mundo.
Mas antes de atingir o ápice da atividade, quando adolescente, demonstrava ter um perfil empreendedor. A primeira formação acadêmica foi Bibliotecária, como desejava sua família. Logo após esta experiência, desempenhou a função de Secretária Executiva da Indústria Sul América de Metais, onde o proprietário era amigo da família Giagrande. Aos 19 anos juntou-se aos negócios de seu pai Luis Américo Vicente que era um respeitado Corretor de Câmbio. A empresa veio à falência, alguns anos mais tarde, após uma crise internacional que ocorreu na década de 50.
Não satisfeita, inaugurou posteriormente junto com alguns amigos uma importadora e anos mais tarde o seu próprio restaurante.Como Relações Públicas, o primeiro vínculo foi na Colgate Palmolive, onde era redatora e divulgava os produtos de higiene comercializados pela empresa.
Nesta fase começava a desenvolver o seu senso crítico por desvendar o universo do público consumidor. Após a saída da Vera, da Colgate-Palmolive, obteve várias oportunidades. Exerceu o cargo de gerente de Relações Públicas no setor farmacêutico a “Squibb”, que atualmente é conhecida como (A Bristol-Myers Squibb), atuou na J.Walter Thompson (maior agência de propaganda na época) e a Inform (Consultoria de Relações Públicas). Nesta trajetória atuou ao lado de grandes clientes como McDonald’s, Caterpillar (fabricante de tratores agrícolas), Forest (fabricante de condutores elétricos) entre outros.
No auge da década de 70 e 80, ela tornou-se uma figura representável para muitos executivos. A sua visão estratégica para os negócios, a forma de conduzir o relacionamento, a praticidade com que resolvia todos os problemas, fez com que grandes empresários a procurassem para orientá-los em seus negócios.
Formada de uma personalidade extremamente crítica, sempre foi uma mulher determinada e voltada de um caráter eloqüente, sempre disposta em favorecer, todos os que estavam ao seu redor (amigos, família e principalmente executivos de renome no mercado) que freqüentemente a procuravam com objetivo de orientá-los quanto à melhor decisão tomar, frente às situações casuais de suas vidas pessoais ou para oferecer-lhes uma consultoria especializada de comunicação, em prol da sobrevivência de suas empresas.

Foi o que ocorreu com o Presidente da McDonald’s, Gregory James Ryan, que precisava expandir suas lojas no Brasil, pois havia apenas dois estabelecimentos comerciais um em São Paulo e o outro em Copacabana. “Vera propôs ações de comunicação voltadas aos consumidores da região, como por exemplo, “McDonald’s e Você” e projetos sociais para a comunidade, o “MC Dia Feliz” que angaria fundos para entidades beneficentes. Através destas ações, houve um aumento significativo do número de lojas, pois começava a atrair cada vez, consumidores “fiéis” a marca.
Na Caterpillar Vera propôs um atendimento com mais qualidade, desde a recepção do cliente na porta de entrada da empresa, pois acreditava que a satisfação do funcionário e um atendimento com qualidade, é um dos pontos de sucesso de todas as organizações.
Além disto, possuía uma personalidade que chamava a atenção dos executivos. O seu profissionalismo ficou nítido em uma época, que o preconceito contra a mulher era alvo ainda de censura e que a posição feminina frente às tomadas de decisões, no cargo de gerência, era motivo de críticas pelos homens.

Uma das suas premissas na profissão de Relações Públicas foi à participação no movimento Rotary Internacional. A política do Rotary Internacional tinha por objetivo realizar um encontro de profissionais de áreas diferentes como publicitários e administradores, onde relatavam suas experiências diversas ou novos planejamentos nas áreas afins. Uma das metas estipuladas por Vera foi estabelecer maneiras efetivas, para que a mulher pudesse participar e envolver estrategicamente com os negócios e assuntos políticos.

Através desta conquista e muitas outras já citadas, Vera foi identificada como um ícone para a carreira dos profissionais de comunicação. E não parou no tempo. Em 1990 foi recebeu um convite de seu amigo Agostinho Gaspar para participar da rede de comunicação do Pão de Açúcar por intermédio de Ana Maria Diniz filha do Abílio Diniz (proprietários do grupo). Gaspar fundou uma agência de comunicação Gaspar & Associados, através do incentivo da própria amiga.

Na época o Pão de Açúcar estava sendo ultrapassado pela rede Francesa Carrefour e haviam problemas ocasionados pela má qualidade do atendimento ao público, falta de equilíbrio entre a comunicação interna e externa, funcionários desmotivados, gerentes de lojas mal-humorados entre outros fatores perceptíveis, que prejudicavam a imagem do Grupo.

Ombudsman era um termo pouco conhecida na década de 90, mas essa era, a missão de Vera no Pão de Açúcar. A palavra Ombudsmam vem do grego “representare”. Representar o cliente acima de tudo. Defendia os interesses não apenas dos consumidores, mas principalmente dos próprios funcionários.
Aos poucos percebeu a desmotivação dos funcionários, pois eram desrespeitados pela própria coordenação e desconheciam os propósitos da empresa, que por sinal, não tinha uma política de comunicação estratégica e planejada. A decisão de implantar um Ombudsman melhorou estrategicamente a imagem da empresa perante todos os públicos estratégicos.

Vera adotou medidas surpreendentes. Primeiro aproximou os consumidores aos objetivos da empresa, onde os ouvia atentamente e compreendia todas as exigências. Após captar a necessidade do público, implantava ações cabíveis para mantê-los satisfeitos e preservar a vontade de comprarem sempre os seus produtos.

Valorizou os funcionários, mantendo-os informados com todas as novidades do setor. Aperfeiçoava-os e ensinava-os sobre a importância de estarem sempre seguros e autoconfiantes. Destacou a relevância das funções que exerciam, com o objetivo de frisar que com a união de todos, poderiam juntos, contribuir com o sucesso.

Após vários trabalhos de comunicação interna, o perfil do público interno mudou, por onde passavam denotavam transparência e prazer em fazer parte do Grupo Pão de Açúcar. O principal objetivo da Vera, era fazer com que todos, estivessem realmente motivados, e não sentirem-se obrigados a fazerem algo que não queriam. A sua atuação como Relações Públicas no Grupo, definiu, por vez, a sua trajetória profissional.
A relação que Vera exerceu na rede Pão de Açúcar coincide como uma de suas memórias... “Muitas vezes, perguntaram-me se o consumidor oferece idéias inovadoras para o Pão de Açúcar”. A resposta é: não, ele não dá idéias, ele alimenta a capacidade de pensar da empresa (Volpi, Alexandre, p.196.)

Vera Giagrande faleceu 22 de Agosto de 2000 com 69 anos de idade vítima de enfarte no aeroporto de Congonhas.


Referências Bibliográficas

VOLPI, Alexandre. Na ¨Trilha da excelência. São Paulo: Negócio, 2002.

Site
http://pt.wikipedia.org/wiki/Empirismo%20- acesso em 25/01/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário